Joss Whedon é ícone no mundo nerd, sendo criador das séries de sucesso Buffy – A Caça-Vampiros e Angel e da série cult Firefly. Ele já esteve envolvido na criação de HQs, como Os Surpreendentes X-Men, além de estar constantemente criando projetos inovadores, como o filme musical para internet Dr. Horrible’s Sing-Along Blog e a adaptação da peça de Shakespeare Muito Barulho por Nada gravada em preto e branco durante doze dias em sua casa. Com toda essa experiência, não é de se surpreender que sua estreia de direção no cinema tivesse um resultado brilhante. Os Vingadores é perfeito em suas pretensões: um filme engraçado, com ótimas cenas de ação, e com um cuidado exemplar na construção de seus planos e da aplicação da tecnologia 3D.

A maior dificuldade de um filme como Os Vingadores é manter o equilíbrio entre a participação de seus protagonistas. Whedon, também roteirista do filme, tirou de letra a tarefa desde o segmento de apresentações até a grande luta final. O início do filme já mostra as características principais de cada herói, como as habilidades físicas e o diferente método de interrogação da Viúva Negra e as referências culturais, a genialidade e o sarcasmo de Tony Stark. Durante dois terços do filme, o diretor segue o modelo da HQ de 1963 criada por Jack Kirby e Stan Lee, trabalhando a reunião dos heróis até então solitários e o desentendimento gerado pelo conflito de egos. No final, temos a épica batalha dos protagonistas contra os aliens Chitauri, tendo cada herói sua função específica, incluindo Hulk e toda sua ignorância e brutalidade para cima dos inimigos… e algumas vezes até contra seus aliados.

A criatividade quanto aos planos pode ser notada logo nos primeiros minutos do longa, principalmente na introdução de Nick Fury com a câmera em baixo do personagem – o engrandecendo o suficiente para preparar o público para as cenas de ação que viriam a seguir. Devido a enquadramentos como o reflexo do Capitão América num espelho, as molduras orgânicas geradas pelo cenário envolvendo a Viúva Negra e o acompanhamento da câmera a um ataque contra um carro, o público pode se sentir ainda mais inserido na história. Nesse ponto, o uso da tecnologia 3D foi adotada de maneira controlada e vital, envolvendo a audiência tanto nas grandiosas lutas quanto nos momentos de tensão dramáticos. Outro ponto alto do filme são os cuidados para não deixar nenhuma informação essencial solta e quanto aos pequenos detalhes que fazem diferença, como o fato do Gavião Arqueiro não olhar para nenhum de seus alvos quando atira contra inimigos, a não ser quando há uma razão pessoal no ato.

Juntando um diálogo inteligente e cômico com muita ação, mitologia dos quadrinhos e a clássica aparição de Stan Lee, Joss Whedon cria um filme satisfatório para qualquer pessoa; tanto aqueles que cresceram lendo as histórias do Universo Marvel quanto os que procuravam uma história para o seu entretenimento. Um filme muito bem realizado, se opondo a uma geração de longas que contam apenas com o uso exagerado de efeitos visuais (cof, Battleship, cof). Os Vingadores junta os pontos positivos de todos os filmes individuais anteriores e cria um fenômeno na história dos filmes de super-heróis.

Nota: