Em época de reboots e revitalizações de contos de fada, é fácil ficar cético. Principalmente com um filme que foi escrito e dirigido por um norueguês que tem como o título mais conhecido de seu currículo uma comédia sobre zumbis nazistas. Além disso, temos Will Ferrell e Adam McKay (os fundadores de Funny or Die e da Gary Sanchez Productions) como os nomes principais da produção e a MTV Films como uma das produtoras. Esse conjunto bizarro de nomes da comédia nos prometeu um filme sombrio e de muita ação. Basicamente o que estou tentando dizer é que essa nova visão da história dos Irmãos Grimm tinha tudo para dar errado. Mas como um pequeno milagre cinematográfico, eu não poderia estar mais errada. Esse é um filme de qualidade que mistura ação com fantasia, algo que fazia tempo que não aparecia nas telonas do cinema.

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João e Maria: Caçadores de Bruxas conta a história original: dois irmãos deixados na floresta por seu pai estão perdidos e se deparam com uma casa feita de doces. A casa pertence a uma bruxa, que os prende e os faz comer doces para que eles engordem e virem uma boa refeição assada no forno. Claro que os irmãos conseguem empurrar a bruxa para dentro do forno e fugir da casa amaldiçoada, mas esse é apenas o começo do filme. O roteiro de Tommy Wirkola transforma os irmãos numa dupla bad-ass fatal para qualquer bruxa. Eles são contratados pelo prefeito de uma cidade para investigar o desaparecimento de algumas crianças e matar a possível bruxa responsável. A produção do longa se assemelha com filmes estilo Van Helsing: O Caçador de Monstros e Os Irmãos Grimm, o que resulta numa história que se passa em tempos medievais, com protagonistas que possuem armas rústicas (mas super desenvolvidas) e bastante couro em seus guarda-roupas.

O 3D aqui não é mera formalidade. Ele foi muito bem empregado, aumentando a beleza estética, deixando as lutas mais impactantes e causando uma interação com o espectador (o que quer dizer que objetos pontiagudos serão jogados contra seus olhos). A ação está presente em quase todo o filme, e é o tipo da ação com muitas explosões, sangue e gente sendo jogada a metros de distância. São cenas frenéticas e muito bem coordenadas. O que diferencia João e Maria de coisas como Anjos da noite 4, é que não é só pancada o filme todo – existe uma história (na medida do possível). O passado ainda atinge os irmãos, de forma psicológica e física. A trama toda das crianças sendo levadas também é bem desenvolvida, revelando mais da história das bruxas e da família de Hansel e Gretel (os nomes originais). E falando em bruxas, essas com certeza entram no top 5 das bruxas no cinema. Elas são muito bem feitas, não parecendo falsas e causando um pouco de medo.

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Jeremy Renner já é veterano da ação, como visto em Os Vingadores e O Legado Bourne. Não havia dúvidas que ele se daria muito bem no papel. O mesmo acontece com Famke Janssen (X-Men, Nip/Tuck), que já interpretou a personagem bitch e/ou sobrenatural super poderosa em outros filmes. A surpresa mesmo fica com Gemma Arterton (007 – Quantum of Solace, Fúria de Titãs), que embora já tenha participado de outros filme de ação, demonstrou um nível surpreendente nessa categoria. Renner e Arterton convencem como irmãos que prezam um pelo outro e como forte lutadores. O produtor Adam Mckay disse em 2010 que a ideia de ver João e Maria dessa  maneira era uma ótima ideia para uma franquia. Com certeza o final do filme deixa espaço para mais histórias, e a fantástica produção aumenta a possibilidade para uma sequência. Sem contar que a trama relativamente curta (88min) deixa aquele gosto de quero mais. Se você curte o gênero e quer uma trama divertida, envolvente e descomprometida, esse é o filme que você está procurando.