Em 1818, Mary Shelley teve seu primeiro romance publicado: a história de um cientista que cria um monstro hediondo. Algo certamente assustador para o século XIX, mas que não gera tanto medo atualmente. Modernizando a trama, a ITV lançou em 2007 o telefilme Frankenstein, protagonizado por Helen McCrory (Harry Potter, A Invenção de Hugo Cabret). Ter uma protagonista mulher é umas das mudanças feitas na adaptação, que foca nas complexidades emocionais tanto da criadora quanto da criatura.

A Dra. Victoria Frankenstein é a chefe de um grupo de cientistas especializados em estudos de células-tronco. Eles conseguem criar um coração, mas a aprovação para o estudo seguir adiante não está sendo fácil. Descobrimos então que Victoria não está totalmente focada no projeto apenas pelo progresso científico, mas porque seu filho está morrendo e precisa de vários novos órgãos. Ela ignora os protocolos e começa a criar órgãos além do coração com o DNA do seu filho. Obviamente, o projeto foge de seu controle, criando um ser vivo por completo. Comparado ao livro, a história é breve. A criatura não se torna inteligente ou possui diálogos, e a aversão entre ela e a protagonista dura pouco tempo. Victoria toma responsabilidade pelo monstro, que não é apenas uma criação experimental, mas algo com o seu próprio DNA. O clímax da trama é oferecido pela luta da doutora contra uma organização que quer se beneficiar com o projeto.

frankenstein

A produção do filme é bem feita, nos fazendo acreditar que estamos num local em que o céu está coberto por cinzas vulcânicas e que a criação de um monstro por meio de células-tronco é possível. Na maior parte do longa, a criatura esconde seu rosto. Quando ele se revela por completo, vemos um trabalho de computação gráfica consideravelmente bom, que optou por fazer um rosto que fosse inicialmente assustador, mas que traz muitas semelhanças ao filho de Victoria. Mesmo focando mais nos aspectos emocionais da trama, o filme também tem sua parte de suspence e terror como qualquer outra adaptação de Frankenstein. Há vários assassinatos (mesmo não intencionais), entre eles um bastante chocante. A história peca um pouco quando vai chegando ao final, mas é uma obra que merece ser vista.

No Brasil, é possível adquirir o DVD do telefilme, distribuído pela Log On.